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A Griffo começa 2017 quebrando regras e tradições, mas sem perder a essência e nem as raízes jamais. Depois de 3 décadas distribuindo nessa época do ano a sua tradicional agenda, a agência resolveu inovar lançando agora um caderno tipo moleskine como brinde para seus clientes e colaboradores.

Otoniel Oliveira

Para fazer a capa, a Griffo convidou o ilustrador e quadrinhista paraense Otoniel Oliveira, 36, que retratou uma cena do cotidiano urbano de um lugar imaginário, “um cantinho do Pará”, com um toque fantástico que fica por conta do grifo (personagem mitológico ícone da agência). Na ilustração, há ainda uma mangueira, símbolo de Belém e uma figura feminina, recorrente no trabalho do autor.

A mangueira, árvore bonita e generosa, carrega em si a mensagem de final de ano da agência. A de que 2017 seja um ano amigo como as mangueiras, que abrigam e alimentam.

Em entrevista à equipe da Griffo, Otoniel, que também é professor, quadrinhista e diretor de série de animação, disse que a partir do brieffing fornecido pela agência, tentou fugir do lugar comum, sem perder as raízes paraenses. Confira a entrevista:

1- Como foi o processo até chegar ao resultado final?

Desde o princípio o planejamento era produzir uma aquarela. Inicialmente fiz uma pesquisa de referências gráficas para a ambientação. Por ter feito tantas vezes os pontos turísticos conhecidos, tentei evitá-los agora e fazer uma ambientação mais geral da cidade, até como uma forma de não falar apenas de uma cidade específica, mas do estado todo. Parti então para a representação de prédios e árvores. Com as referências, parti para o esboço, estrutura e detalhes a lápis. Do esboço, pintei a cor base que dá o clima, decidi por algo mais alaranjado, uma tarde após a chuva. E a partir disso fomos para os detalhes da pintura com os outros tons e a finalização.

2- Como foi empregado cada detalhe, pensando no regional, mas saindo do clichê?

Primeiro foi feita a ambientação de algo que signifique o Pará, as cidades do Pará, com seus prédios e sacadas em uma estrutura não específica, mas recorrente, para dar um sabor familiar de “qualquer canto conhecido”. A mangueira e a moça tomando sorvete logo após a chuva foi a estratégia para desenvolver a empatia principal, com a personagem tomando sorvete e interagindo sem surpresa com o elemento fantástico, o grifo, já que ela também tinha uma sugestiva tatuagem perto do quadril.

3- Qual a visão sobre a Griffo, em relação ao que tu fizestes pra agenda 2017?

A Griffo é uma grande agência de comunicação do Pará, muito arguta e ágil. Os trabalhos que acompanhei, bem como os que colaborei, primavam por uma inteligência e adequabilidade da mensagem para o objetivo da peça. A abordagem para a ilustração tenta trazer estes valores para desenvolver empatia com o público-alvo ao mesmo tempo que estimula ao inusitado, usando a mescla de cultura com o fantástico grifo voando próximo a uma esperta mangueira.

4- Comente sobre o trabalho feito.

Valorizar a ilustração produzida no Pará quando se fala do Pará é uma abordagem muito boa para desenvolver o mercado e os discursos imagéticos que podemos produzir. Quanto mais nos olhamos e mais falamos de nós mesmos, seja em qualquer tipo de arte, melhor conseguimos nos entender. O Briefing que o Natsuo da Griffo me passou era assim: “Desenhe algo que signifique o Pará”, e ao mesmo tempo em que isso era específico, também era bastante desafiador por ser poderosamente geral. Mais do que um lugar ou uma localidade, fui para um sentimento, ilustrar de uma forma um pouco mais realista, que é o meu estilo principal, o sentimento geral do que é o Pará, sem apelar, nessa minha proposta, para as cores do regionalismo caricato mas indo para um cotidiano expressivo.

Texto/Entrevista: Eduardo Auad, com colaboração de Araceia Hiraoka

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